O OBJETIVO PRINCIPAL DO GRUPO DE LOUVOR

Posted: segunda-feira, 20 de setembro de 2010 by Ministério de Louvor IMC Carangola in Marcadores:
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Vamos começar vendo algumas definições importantes que irão nos auxiliar no desenvolvimento deste estudo:

DEFINIÇÕES

Louvor
De acordo com a Bíblia, o louvor está associado com a idéia de agradecimento, elogio, glorificação, exaltação, por aquilo que Deus faz (fez) em nossa vida ou na dos outros. (Sl. 145:4; Sl. 147:12-13; Is. 25:01; Lc. 19:37), ou seja, nós louvamos a Deus por Suas obras, bênçãos, curas, livramentos, perdão, graça, amor, misericórdia, cuidado, etc. Contudo, o motivo principal do louvor é a Salvação em Cristo.

Adoração
De acordo com a Bíblia, a adoração está associado com a idéia de culto, reverência, veneração, por aquilo que Deus é (Santo, Justo, Amoroso, Soberano, Misericordioso, etc...). (Sl.96:9; Ap. 4:8-11; Ap. 7:11-12; Ap. 11:16-17), ou seja, independente do que Deus faz, fez ou fará, nós devemos adorá-lo, pois, Ele é Deus.

Tanto o louvor quanto a adoração, devem estar presente em tudo o que fizermos. Eles devem ser manifestados no falar, pensar, vestir, trabalhar, estudar, orar, cantar, etc. Porém, nos cultos da igreja atual, a forma mais popular de louvar e adorar é por meio de cânticos e hinos (Louvor cantado).

Louvor Congregacional
Esta expressão se refere ao louvor cantado, prestado pelas pessoas quando estão reunidas.

Ministério
A palavra ministério vem do grego "Diakonia" que significa serviço. As vezes a palavra ministério é exemplificada pela palavra grega "Doulos" que quer dizer escravos(servos). Independente da forma que a palavra ministério seja exemplificada, ela sempre está associada a serviço. Todos os crentes são chamados para desempenhar algum tipo de ministério(serviço) dentro do corpo de Cristo, porém, nem todos executam o mesmo ministério(serviço) (Ef. 4:11-12). Qualquer que seja o tipo de ministério(serviço) que se exerça, ele deve estar intimamente ligado a vocação(talento) para que se obtenha um melhor resultado na sua execução. Todos os ministérios(serviços) são importantes, não existe um ministério(serviço) que seja completo e não precise do outro(I Co. 12:4-31). Todo ministério(serviço) requer amor, compromisso, dedicação, preparação, santidade, esforço, constância, renúncia e caráter.

Ministrar
Ministrar significa servir.

Ministros de Louvor
Considerando que a Ministração(serviço) não é algo realizado individualmente, podemos considerar então que Ministros de louvor são todos aqueles que estão envolvidos, direta ou indiretamente, na ministração do louvor (instrumentistas, cantores, operadores/montadores de som, operadores de retroprojetor, e outras funções ligadas à área). Ministros de louvor são aqueles que servem a igreja na área de música.

Levitas
Os levitas eram as pessoas que pertenciam a tribo de levi. A tribo de levi foi separada exclusivamente para o serviço do senhor (Dt. 18:5). Os levitas eram encarregados pela guarda (Nm 1:53), pela administração (Nm 1:50) e pelo cuidado do tabernáculo bem como por todos os utensílios da tenda da congregação (Nm 1:50). Eles também tinham como função ministrar (servir) todo o povo de Israel (Nm 3:7-8). No reinado de Davi, os levitas foram designados para dirigir o canto e para utilizarem instrumentos musicais na casa do Senhor para louva-lo e adora-lo (I Cr. 6:31-32, I Cr. 15:16).

Música
A música é considerada uma arte funcional, isto é, uma arte que tem uma finalidade prática e importante: servir de veículo de expressões humanas. A música é usada para anunciar produtos (comércio), revelar emoções (alegria, romantismo, etc.) e outras ações de comunicação, porém, a função mais importante da música em qualquer cultura (sociedade) é de servir de apoio ao seu sistema de valores, sejam eles políticos, sociais ou religiosos. Em nosso caso, não podemos ignorar o poder da música na transmissão e consolidação de mensagens durante os cultos, encontros, acampamentos, etc., pois, ela reforça e facilita a memorização das mensagens. Além do mais, a música torna muito agradável a maneira de expressarmos o nosso louvor e a nossa adoração a Deus. A música na igreja também dever ser encarada como arte funcional e julgada pela maneira como ela cumpre ou não a sua melhor função. A música na igreja deve ser uma arte dedicada ao serviço de Deus, à edificação da igreja e ao louvor e a adoração ao Senhor.

O Grupo de louvor
Formado por músicos e cantores cristãos(ministros de louvor), o grupo de louvor é, antes de tudo, um ministério(serviço) dedicado ao louvor e a adoração a Deus, ou seja, sua função principal é louvar e a adorar a Deus através de música e canto. Porém, além de tocar e cantar ao Senhor, o grupo de louvor tem a tarefa de conduzir a igreja a louvar e a adorar a Deus.

Para conduzir o povo a louvar e a adorar é necessário em primeiro lugar ter chamado e dom para desempenhar esse ministério. Em segundo lugar é necessário consagração (dedicação). Outra exigência é preparação, tanto técnica como espiritual. Por fim, é necessário ser um adorador, ou seja, nós nunca podemos conduzir alguém para um lugar onde nunca fomos, ou seja, um grupo de louvor que não adora não pode levar outros a adorarem.

O objetivo principal do grupo de louvor
O objetivo principal do grupo de louvor é glorificar a Deus, ser canal de benção, e ministrar a igreja.

...Glorificar a Deus... Significa refletir o que Deus é, ou seja, é mostrar as Suas Virtudes(qualidades), como o Seu amor, misericórdia, bondade, paciência, soberania, perdão, etc. Glorificar a Deus é permitir que através de nós, Deus se faça conhecido. Glorificar a Deus não é aumentar a Sua glória , é fazê-la conhecida.

Apesar da Gloria de Deus se fazer conhecida através dos Seus poderosos feitos na história, através da natureza (Sl. 19:1) como também através de toda a Sua criação, Deus tem um prazer especial em ver a Sua glória sendo refletida(se fazendo conhecida) através do homem, que é a coroa da criação.

Para o crente, glorificar a Deus está intimamente ligado a santificação pessoal. Santificação é a transformação do crente na imagem de Cristo (Rm. 8:29, II Co. 3:18, Cl. 3:10). A santificação é um processo que ocorre pela constante ação do Espírito Santo (Rm 8:11), que procura produzir no crente as mesmas qualidades morais encontradas na vida de Jesus, e, ao mesmo tempo depende também da contínua luta do crente contra o pecado, que procura dominar os desejos da carne (Gl. 5:19-21), e busca viver uma vida igual a de Jesus (I Pe 2:21). Santificação é crescimento. Santificação é real transformação, não mera aparência.

Os Integrantes do Grupo de louvor devem se empenhar por viver em santificação, pois desta forma, vamos nos amoldando cada vez mais a imagem de Cristo, e a glória de Deus vai se fazendo conhecida ao mundo, através de nós.

...Ser Canal de Benção... Benção é uma dádiva recebida de Deus. Ela faz parte da manifestação da graça de Deus. As pessoas são abençoadas por Deus através de nós. Ser canal de benção é ser aquele que conduz as bênçãos de Deus para os outros. Ser canal de benção é ser um instrumento nas mãos de Deus. Ser canal de benção é ser aquele que com o seu exemplo de vida, edifica, fortalece e sustenta as pessoas. Deus nos colocou um ao lado do outro para que sejamos bênçãos uns para os outros, sendo pedra de passagem e não pedra de tropeço. Trazendo unidade e não divisão. Ser canal de benção é um dever de todos os integrantes do grupo de louvor.
Ser canal de benção também está intimamente ligado santificação pessoal. Visto que a nossa santidade serve para cooperar com plano de Deus, uma vez que, Ele procura fazer parceria apenas com pessoas integras(santas), em seus planos. Sendo assim, nós devemos buscar viver em santificação para que Deus faça de nós um canal de benção para o mundo.

...Ministrar a igreja... A função básica de todo ministério é servir (ministrar) as pessoas. No caso do grupo de louvor, não é diferente, sua tarefa básica, é servir (ministrar) as pessoas levando-as a presença de Deus em louvor e adoração. Porém, durante a ministração do louvor, além de conduzir o povo a louvar e a adorar a Deus, o grupo de louvor tem a responsabilidade de ensinar esse povo a viver com Deus. Nossa tarefa é fazer da hora do louvor e da adoração, não apenas um momento onde levamos as pessoas a expressar o seu amor e a sua gratidão a Deus, mas um momento onde ensinamos essas pessoas que não pode haver separação entre vida religiosa e vida diária, que o culto a Deus deve ser prestado a cada momento de nosso viver, e, que o nosso louvor e a nossa adoração é muito mais do que uma forma de expressão ao Senhor. É um estilo de vida. É fruto da nossa comunhão com Deus.

Ensinar a igreja a viver com Deus, é sem dúvida, um dos papeis mais importantes a serem desempenhados pelo grupo de louvor durante a ministração do louvor. Ensinar a igreja a viver com Deus está intimamente ligado a nossa intimidade com Ele (oração, Leitura da palavra e fé).

É importante nunca cairmos no erro de pensar que as "tarefas" que realizamos para o senhor são mais importantes que Ele mesmo. Nossa prioridade é estar com Ele, é conhecê-lo, e, é isso que devemos ensinar para a igreja, e é isso que devemos buscar diariamente: "Viver com Deus".

Rev. Márcio Abreu de Freitas

A DISCIPLINA DA ADORAÇÃO

Posted: sábado, 11 de setembro de 2010 by Ministério de Louvor IMC Carangola in Marcadores:
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“Adorar é avivar a consciência pela santidade de Deus, alimentar a mente com a verdade de Deus, purgar a imaginação pela beleza de Deus, abrir o coração ao amor de Deus, consagrar a vontade ao propósito de Deus” William Temple.

Adorar é experimentar a realidade, tocar a vida. É conhecer, sentir, experimentar o Cristo ressurreto no meio da comunidade reunida. É irromper na Shekinah ( A glória ou a radiância de Deus habitando no meio de seu povo. Denota a Presença imediata de Deus em oposição a um Deus abstrato ou distante) de Deus, ou melhor ainda, ser invadido por ela.

Deus está ativamente buscando adoradores. Jesus declarou: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores”(João 4.23). É deus quem busca, atrai, persuade. A adoração é a resposta humana à iniciativa divina. No Gênesis Deus andava no jardim à procura de Adão e Eva. Na crucificação Jesus atraiu homens e mulheres para si mesmo (João 12.32). A Escritura está repleta de exemplos dos esforços de Deus para iniciar, restaurar e manter comunhão com seus filhos. Deus é como o pai do pródigo que, vendo o filho ainda distante, correu para recebe-lo em casa.

Adoração é nossa resposta às aberturas de amor do coração do Pai. Sua realidade central encontra-se “em espírito e em verdade”. Ela acende-se dentro de nós somente quando o Espírito de Deus toca nosso espírito humano. Fórmulas e rituais não produzem adoração, nem o faz o seu desuso formal. Podemos usar todas as técnicas e métodos certos, podemos ter a melhor liturgia possível, mas não temos adorado o Senhor até que o Espírito toque o espírito. As palavras do hino “Liberta minha alma para que u possa adorar-te” revelam a base da adoração. Enquanto Deus não tocar e libertar nosso espírito, não podemos entrar neste domínio. Cantar, orar, louvar, tudo isso pode conduzir à adoração, mas a adoração é mais do que qualquer desses atos. É preciso que nosso espírito seja inflamado pelo fogo divino.

Como resultado, podemos ser indiferentes à questão de uma fórmula correta para a adoração. O problema de alta liturgia ou baixa liturgia, esta fórmula ou aquela, é periférico e não central. Sentimo-nos estimulados em nossa indiferença quando observamos que em parte alguma o Novo Testamento prescreve uma determinada forma de adoração. Em realidade, o que encontramos é uma liberdade inacreditável para pessoas com raízes tão profundas no sistema litúrgico da sinagoga. Elas tinham a realidade. Quando o Espírito tocava o espírito, as fórmulas se tornavam inaplicáveis.

O OBJETO DE NOSSA ADORAÇÃO

Jesus respondeu para sempre a questão de a quem devemos adorar. “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto” (Mt.4.10). O único Deus verdadeiro é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó; o Deus que Jesus Cristo revelou. Deus deixou claro sua repulsa à idolatria colocando um mandamento incisivo no começo do Decálogo. “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex.20.3). A idolatria não consiste apenas em curvar-se perante objetos visíveis de adoração. ª W. Tozer diz: “A essência da idolatria é dar acolhida a pensamentos indignos acerca de Deus”. Pensar retamente acerca de Deus é, num importante sentido, ter tudo certo. Pensar erradamente acerca de Deus é, num importante sentido, ter tudo errado.

Necessitamos desesperadamente de ver quem é Deus: ler a respeito de sua auto-revelação ao seu antigo povo Israel, meditar nos seus atributos, fixar-se na revelação de sua natureza em Jesus Cristo. Quando vemos o Senhor dos exércitos “alto e sublime”; quando ponderamos sobre sua infinita sabedoria e conhecimento; quando nos maravilhamos diante de sua insondável misericórdia e amor, não podemos deixar de irromper em doxologia.

Alegre, teus atributos confesso,

Gloriosos todos e inumeráveis.

Ver quem é o Senhor conduz-nos à confissão. Quando Isaías captou a visão da glória de Deus, clamou: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Isaías 6.5). A pecaminosidade penetrante dos seres humanos evidencia-se quando contrastada com a radiante santidade de Deus. Nossa volubilidade torna-se extrema uma vez que vemos a fidelidade de Deus. Entender sua graça é entender nossa culpa.

Adoramos o Senhor não só por ser ele quem é mas também pelo que ele tem feito. Acima de tudo, o Deus da Bíblia é o Deus que age. Sua bondade, fidelidade, justiça, misericórdia podem ser vistas em seus tratos com seu povo. Suas ações graciosas estão não apenas impressas na história antiga, mas estão gravadas em nossas histórias pessoais. Conforme disse o apóstolo Paulo, a única resposta racional é a adoração (Romanos 12.1). Louvamos a Deus por quem ele é, damos-lhe graças pelo que ele tem feito.

A PRIORIDADE DA ADORAÇÃO

Se o Senhor há de ser Senhor, a adoração deve ter prioridade em nossa vida. O primeiro mandamento de Jesus é: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força”( Marcos 12.30). A prioridade divina é, em primeiro lugar, adoração; em segundo lugar serviço. Nossa vida deve ser pontilhada de louvor, ações de graça e adoração. O serviço flui da adoração. O serviço como substituto da adoração é idolatria. A atividade pode tornar-se a inimiga da adoração.

Deus declarou que a função primeira dos sacerdotes levíticos era chegarem-se a ele, para o servirem (Ez.44.15). Para o sacerdócio do Antigo Testamento, servir a Deus devia preceder a qualquer outro trabalho. E isso não é menos verdadeiro quando se trata do sacerdócio universal do Novo Testamento. Uma grave tentação que todos enfrentam é procurar responder a chamados de serviço sem servir ao próprio Senhor.

PREPARO PARA A ADORAÇÃO

Um aspecto surpreendente da adoração, na Bíblia, é que as pessoas se reuniam naquilo que só poderíamos chamar de “santa expectação”. Elas acreditavam que realmente ouviriam o Kol Yahweh, a voz de Deus. Quando Moisés entrava no Tabernáculo, sabia que estava entrando na Presença de Deus. A mesma coisa era verdadeira com relação à igreja primitiva. Não lhes causava surpresa que o edifício em que se reuniam tremesse com o poder de Deus. Já havia acontecido antes (At.2.2; 4.31).. Quando alguns caíam mortos e outros eram ressuscitados dentre os mortos pela palavra do Senhor, as pessoas sabiam que Deus estava no meio delas (At.5.1-11; 9.3643; 20.7-10). Quando os crentes primitivos se reuniam, estavam perfeitamente cônscios de que o véu se rasgara ao meio, e como Moisés e Arão, estavam entrando no Santo dos Santos. Não havia necessidade de intermediários. Eles estavam entrando na tremenda, gloriosa, graciosa Presença do Deus vivo. Reuniam-se com antegozo, sabendo que Cristo estava presente entre eles e os ensinaria e os tocaria com seu poder vivo.

Como cultivamos esta santa expectação? Ela começa em nós quando entramos na Shekinah do coração. Embora vivendo as exigências de nosso tempo, estamos cheios de adoração interior. Trabalhamos, brincamos, comemos e dormimos, mas estamos ouvindo, ouvindo sempre a nosso Mestre. Os escritos de Frank Laubach estão impregnados deste senso de viver à sombra do Todo-poderoso. “De todos os milagres de hoje, o maior é este: saber que melhor te encontro quando trabalho ouvindo... Graças te dou, também, porque o hábito de conversação constante fica mais fácil a cada dia. Creio, realmente, que todos os pensamentos podem ser conversações contigo”.

O Irmão Lawrence conhecia a mesma realidade. Pelo fato de haver experimentado a presença de Deus na cozinha, ele sabia que encontraria Deus também na missa. Eis o que ele escreveu: “Não consigo imaginar como pessoas religiosas podem viver satisfeitas sem a prática da Presença de Deus”.

Captando a visão do Irmão Lawrence e de Frank Laubach, recentemente dediquei um ano a aprender a viver com uma perpétua abertura para Jesus como meu Mestre presente. Decidi aprender seu vocabulário: está ele dirigindo-se a mim por meio de pássaros canoros ou de um rosto triste? Procurei deixar que ele se movesse através de cada ação: estes dedos enquanto escrevo, esta voz quando falo. Meu desejo era pontilhar cada minuto com sussurros interiores de adoração, louvor e ações de graça. Muitas vezes falhei durante horas, até mesmo por alguns dias. Mas voltava sempre e tentava de novo. Esse ano proporcionou-me muitas coisas, ma a que mencionarei aqui é que ele elevou grandemente meu senso de expectação pública. Afinal de contas, ele me havia falado por dezenas de pequenas formas no decorrer da semana; certamente ele me falará aqui também. Além disso, achei cada vez mais fácil distinguir sua voz do frêmito e das circunstâncias da vida.

Quando duas ou mais pessoas vêm ao culto público com uma expectação santa, essa atitude pode transformar a atmosfera do recinto. As pessoas que entram oprimidas e distraídas podem, de imediato, ser atraídas para um senso da Presença silente. Corações e mentes são elevados. O ambiente torna-se carregado de expectação.

Eis uma forma prática de exercitar esta idéia. Viva durante a semana como herdeiro do reino, ouvindo a voz de Deus, obedecendo à sua palavra. Uma vez que você ouviu a voz de Deus no decorrer da semana, sabe que a ouvirá quando congregar-se para a adoração pública. Chegue para o culto dez minutos mais cedo. Erga o coração em adoração ao Rei da Glória. Contemple sua majestade, glória e ternura conforme reveladas em Jesus Cristo. Retrate a maravilhosa visão que Isaías teve do Senhor “alto e sublime” ou a magnífica revelação que João teve de Cristo com olhos “como chama de fogo”, e voz “como voz de muitas águas”(Is.6; Ap.1). Peça à Presença real que se manifeste. Que encha o recinto de Luz.

A seguir, eleve à Luz de Cristo o pastor ou as pessoas investidas de responsabilidades especiais. Imagine a radiância da Shekinah de Deus cercando essa pessoa. Interiormente, libere-se para falar a verdade com ousadia no poder do Senhor.

Agora as pessoas estão começando a entrar. Relance as vistas do redor até que seus olhos vejam alguém que necessita de seu trabalho intercessor. Talvez os ombros dessas pessoas estejam caídos, ou elas pareçam um pouquinho tristes. Eleve-se à gloriosa de refrescante Luz da Presença divina. Imagine a carga caindo de seus ombros como caiu do Peregrino, na alegoria de Bunyan. Mantenha-as como uma intenção especial durante o culto. Bastaria que uns poucos, em qualquer congregação, fizessem isto para aprofundar a experiência de adoração de todos.

Outro aspecto vital da comunidade eclesiástica primitiva era seu senso de estarem “reunidos”em adoração. Primeiro, eles se congregavam em um grupo e, segundo quando se encontravam, estavam congregados numa unidade de espírito que transcendia seu próprio individualismo.

Em contraste com as religiões do Oriente, a fé cristã tem acentuado fortemente a adoração conjunta. Mesmo em circunstâncias altamente perigosas, a comunidade primitiva era estimulada a não deixar de congregar-se (Hb.10.25). As epístolas falam com freqüência da comunidade crente como o “corpo de Cristo”. Visto como não se pode imaginar a vida humana sem cabeça, braços e pernas, assim não podiam pensar aqueles cristãos em viver isoladamente uns dos outros. Martinho Lutero dá testemunho do fato de que “em casa, em minha própria casa, não há calor ou vigor em mim; mas na igreja, quando a multidão se congrega, em meu coração acende um fogo que se espalha”.

Além disso, quando o povo de Deus se reúne, muitas vezes há um senso de estarem “reunidos”em uma só mente, estando de perfeito acordo (Fp.3.15). Thomas Kelly disse: “Uma Presença vivificadora toma conta de nós, derrubando alguma parte da intimidade e isolamento especiais de nossas vidas individuais e fundindo nossos espíritos numa Vida e Poder superindividuais. Um Presença objetiva, dinâmica envolve a todos nós, nutre nossas almas, traz-nos alegre e indizível conforto, e aviva em nós capacidades que antes se achavam adormecidas”. Quando verdadeiramente nos congregamos em adoração, ocorrem fatos que nunca ocorreriam fora do grupo. Há a psicologia do grupo e não obstante é muito mais, é interpenetração divina. Há o que os escritores bíblicos chamaram koinonia, profunda comunhão interior no poder do Espírito.

Esta experiência transcende de muito o esprit de corpos. Ela não tem a mínima dependência de unidades homogêneas ou mesmo de conhecer informação da vida uns dos outros. Há uma fusão divina de nossa separação. No poder do Espírito somos “envolvidos num senso de unidade e de Presença tal que silencia todas as palavras e nos envolve numa calma indizível e entrelaçamento dentro de uma vida mais vasta”. Tal comunhão na adoração torna a adoração vicária, por via de intermediários, sem sabor e vazia.

O DIRIGENTE DA ADORAÇÃO

A adoração autêntica tem somente um dirigente, Jesus Cristo. Quando falo de Jesus como o Dirigente da adoração quero dizer, antes de tudo, que ele está vivo e presente entre seu povo. Sua voz pode ser ouvida em seus corações e sua presença conhecida. Não somente lemos a respeito dele na Escritura; podemos conhece-Lo por meio de revelação. Ele deseja ensinar-nos, guiar-nos, repreender-nos, consolar-nos.

Em segundo lugar, Cristo está vivo e presente em todos os seus ofícios. Na adoração inclinamo-nos a considerar Cristo somente em seu ofício sacerdotal, como Salvador e Redentor. Mas ele está também entre nós como nosso Profeta. Isto é, ele nos ensinará a respeitar a justiça e nos dará poder para fazer o que é justo. George Fox disse: “Congregai-vos em Nome de Jesus... ele é vosso Profeta, vosso Pastor, vosso Bispo, vosso Sacerdote, no meio de vós, para abrir-vos, e santificar-vos, e alimentar-vos com Vida, e vivificar-vos com Vida”.

Em terceiro lugar, Cristo está vivo e presente em todo o seu poder. Ele nos salva não só das conseqüências do pecado, mas do domínio do pecado. Ele nos dará a força para obedecer a tudo o que nos ensinar. Se Jesus é nosso dirigente, seria de esperar que ocorressem milagres na adoração. Curas, tanto interiores como exteriores, serão a regra e não a exceção. O livro de Atos será não apenas algo para leitura, mas parte de nossa experiência.

Em quarto lugar, Cristo é o Dirigente da adoração no sentido de que só ele decide que instrumentalidades humanas devem ser usadas, caso se use alguma. As pessoas pregam, ou profetizam, ou cantam, ou oram segundo sejam chamadas por seu Dirigente. Desta forma não há lugar para a exaltação pessoal ou para conceitos privados. Só Jesus é honrado. À medida que nosso Chefe vivo os evoca, qualquer um ou todos os dons do Espírito podem ser livremente exercidos e alegremente recebidos. Talvez seja dada uma palavra de conhecimento na qual é revelado o intento do coração e sabemos que o rei Jesus está no comando. Talvez haja uma profecia ou uma exortação que nos coloque de sobreaviso porque sentimos que a Kol Yahweh foi proferida. A pregação ou ensino manifesto porque o Chefe vivo o evocou comunica vida à adoração. A pregação sem a unção divina cairá como água gelada sobre a adoração. A pregação que vem do coração inflama o espírito de adoração; a pregação que vem do intelecto apaga as brasas acesas. Nada há mais vivificador do que a pregação inspirada pelo Espírito; nada mais mortal do que a pregação vinda de inspiração humana.

AVENIDAS DA ADORAÇÃO

Um motivo por que a adoração deve ser considerada como Disciplina Espiritual é que ela é um meio ordenado de agir e viver, que nos põe diante de Deus de modo que ele possa transformar-nos. Muito embora estejamos apenas respondendo ao toque libertador do Espírito Santo, há avenidas divinamente indicadas que levam a este domínio.

A primeira avenida que leva à adoração é calar toda atividade de iniciativa humana. O silêncio da “atividade de ordem humana”, como lhe chamavam os patriarcas da vida interior, não é algo que se limite aos cultos de adoração, mas um estilo de vida. Ele deve permear o tecido diário de nossa vida. Devemos viver num perpétuo silêncio interior, que ouve, de sorte que nossas palavras e ações tenham sua fonte em Deus. Se estamos acostumados a levar a cabo os negócios de nossa vida em força e sabedoria humanas, faremos a mesma coisa na adoração conjunta. Se, porém, temos cultivado o hábito de permitir que toda conversação, toda transação de negócios, sejam divinamente inspiradas, essa mesma sensibilidade fluirá para a adoração pública. François Fénelon disse: “Feliz a alma que por uma sincera renúncia de si mesma se mantém incessantemente nas mãos do Criador, pronta a fazer tudo o que ele quer; que nunca se detém dizendo para si mesma uma centena de vezes por dia: “Senhor, que queres que eu faça”?

Parece impossível? O único motivo pelo qual cremos que isto está muito além de nosso alcance é que não entendemos a Jesus como nosso Mestre presente. Depois de havermos estado sob sua tutela por algum tempo, vemos como é possível que todo movimento de nossa vida tenha sua raiz em Deus. Acordamos de manhã e ficamos na cama silenciosamente louvando e adorando ao Senhor. Dizemos-Lhe que desejamos viver sob sua liderança e governo. Dirigindo nosso carro para o trabalho, perguntamos a nosso Mestre: “Como vamos indo?” Imediatamente nosso Mentor relampeja diante de nossa mente a observação cáustica que fizemos ao nosso cônjuge à hora do café, a demonstração de desinteresse revelada a nossos filhos ao sairmos de casa. Reconhecemos que temos vivido na carne. Há confissão, restauração e uma nova humildade.

Paramos no posto de gasolina e sentimos um impulso divino de travar conhecimento com a pessoa que nos atende, de vê-la como um ser humano e não como um autômato. Continuamos dirigindo, regozijando-nos em nosso novo discernimento da atividade iniciada pelo Espírito. E assim prosseguimos durante o dia: um impulso aqui ou uma aração ali, às vezes correndo na frente ou andando morosamente atrás de nosso Guia. Como a criança que dá os primeiros passos, estamos aprendendo mediante o êxito e o fracasso, confiantes em que temos um Mestre presente que, por meio do Espírito Santo, nos guiará a toda verdade. Desse modo chegamos a compreender o que Paulo queria dizer quando nos instruiu a não andar “segundo a carne, mas segundo o Espírito”. (Rm.8.4).

Silenciar a atividade da carne de modo que a atividade do Espírito Santo domine nosso modo de viver modificará e melhorará a adoração pública. Às vezes ela tomará a forma de absoluto silêncio. Certamente que é mais apropriado aproximar-nos em reverente silêncio e temor diante do Santo da Eternidade, do que correr apressadamente à sua Presença com corações e mentes voltados para o lado errado e línguas loquazes. A admoestação bíblica é: “O Senhor, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra”. (Hc.2.20).

O louvor conduz-nos à adoração. Os salmos são a literatura de adoração e seu mais proeminente aspecto é o louvor. “Louvai ao Senhor” é o grito que repercute de um extremo ao outro do Saltério. Cantar, gritar, dançar, regozijar-se, adorar – tudo isso é linguagem de louvor.

A Escritura insiste conosco a que “ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome”(Hb.13.15). O Antigo Pacto exigia o sacrifício de touros e de bodes. O Novo Pacto requer o sacrifício de louvor. Pedro diz-nos que como novo sacerdócio real de Cristo devemos oferecer “sacrifícios espirituais”, o que significa “proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”(I Pe.2.5,9).

Pedro e João saíram do Sinédrio com as costas sangrando e com louvor nos lábios (Atos 5.41). Paulo e Silas encheram a cadeia filipense com seus hinos de louvor (At.16.25). Em cada caso estavam oferecendo o sacrifício de louvor.

O mais poderoso movimento de louvor do século vinte tem sido o movimento carismático. Por meio dele deus tem soprado nova vida e vitalidade em milhões de vidas. Em nosso época a igreja de Jesus Cristo está adquirindo uma consciência mais ampla de quão central é o louvor em conduzir-nos à adoração.

No louvor vemos quão totalmente as emoções precisam ser levadas ao ato de adoração. Adoração exclusivamente intelectual é aberração. Os sentimentos são uma parte legítima da personalidade humana e deveriam ser empregados na adoração. Fazer tal afirmativa não significa que a adoração deva violentar nossas faculdades racionais, mas significa que nossas faculdades racionais sozinhas são insuficientes. Conforme aconselhou Paulo, devemos orar com o espírito e orar com a mente, cantar com o espírito e cantar com a mente ( I Co.14.15). Esse é um motivo para o dom espiritual de línguas. Ajuda-nos a ir além da mera adoração racional para uma comunhão mais íntima com o Pai. A mente pode não saber o que está sendo dito, mas o espírito sabe. O Espírito de Deus entra em contato com o nosso espírito.

O cântico visa a levar-nos ao louvor. Ele proporciona um meio para a expressão da emoção. Através da música expressamos nossa alegria, nossas ações de graças. Nada menos que quarenta e um salmos mandam-nos “cantar ao Senhor “. Se o cântico e o louvor podem ocorrer numa forma concentrada, isto serve para orientar-nos. Concentramo-nos. Nossa mente e espírito fragmentados fluem para um todo unificado. Tornamo-nos equilibrados para com Deus.

Deus quer que todo o nosso ser participe da adoração. O corpo, a mente, o espírito e as emoções devem todos ser colocados no altar da adoração. Muitas vezes temo-nos esquecido de que a adoração deve incluir o corpo bem como a mente e o espírito.

A Bíblia descreve a adoração em termos físicos. O significado básico da palalvra hebraica que traduzimos por adoração é “prostrar”. A palavra bênção literalmente significa “ajoelhar-se”. Ações de graça referem-se a “uma extensão da mão”. Por toda a Bíblia encontramos uma variedade de posturas físicas relacionadas com a adoração: jazer prostrado, em pé, ajoelhado, erguer as mãos, bater palmas, levantar a cabeça, curvar a cabeça, dançar e usar pano de saco e cinzas. O ponto em questão é que devemos oferecer a Deus nossos corpos bem como o restante de nosso ser. A adoração é apropriadamente física.

Devemos apresentar nossos corpos a Deus em adoração, numa postura consistente com o espírito interior de adoração. Ficar em pé, bater palmas, dançar, erguer as mãos, levantar a cabeça são posturas consistentes com o espírito de louvor. Assentar-se quieto, ar severo é evidentemente, inapropriado ao louvor. Ajoelhar-se, curvar a cabeça, prostrar-se, são posturas consistentes com o espírito de humildade.

Somos rápidos para fazer objeções a esta linha de ensino. “As pessoas têm temperamentos diferentes”, alegamos. “Isso pode apelar para tipos emocionais, mas eu sou naturalmente calado e reservado. Não é esse o tipo de adoração que satisfaria a minha necessidade”. O que devemos ver é que a verdadeira pergunta na adoração não é: “Que é que satisfará a minha necessidade?”. A verdadeira pergunta é: “que tipo de adoração Deus requer?”É claro que Deus demanda adoração sincera. E é razoável esperar que a adoração sincera seja física bem como intelectual.

Muitas vezes nosso “temperamento reservado” é pouco mais do que receio do que os outros pensem de nós, ou talvez indisposição para humilhar-nos perante Deus e os outros. É claro que as pessoas têm temperamentos diferentes, mas isto nunca deve impedir-nos de adorar com todo o nosso ser.

Podemos, naturalmente, fazer tudo isso que acabamos de descrever e jamais entrar em adoração, mas esses fatores podem prover-nos vias através das quais somos colocados diante de Deus de modo que nosso espírito interior possa ser tocado e libertado.

CONSEQÜÊNCIAS DA ADORAÇÃO

Se a adoração não nos transformar, ela não é adoração. Estar diante do Santo da eternidade é transformar-se. Os ressentimentos não podem ser guardados com a mesma tenacidade quando entramos na graciosa luz de Deus. Como disse Jesus, precisamos deixar nossa oferta perante o altar e ir reconciliar-nos com nosso irmão (Mt.5.23-24). Na adoração uma força maior abre caminho que vai dar no santuário do coração, cresce na alma uma compaixão maior. Adorar é transformar-se.

Se a adoração não nos impulsionar para maior obediência, ela não é adoração. Assim como a adoração começa em santa expectação, ela termina em santa obediência. A santa obediência evita que a adoração se torne um narcótico, uma fuga das necessidades prementes da vida moderna. A adoração habilita-nos a ouvir com clareza o chamado para o serviço de modo que respondemos: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is.6.8). A adoração autêntica impelir-nos-á a unirmo-nos à guerra do Cordeiro contra os poderes demoníacos por toda parte, no nível pessoal, no nível social e no nível institucional. Jesus, o Cordeiro de Deus, é nosso comandante chefe. Recebemos suas ordens para o serviço e vamos na poderosa força do Senhor.

... conquistando e para conquistar, não como o príncipe deste mundo com açoites e prisões, torturas e tormentos nos corpos das criaturas, para matar e destruir a vida dos homens... mas com a palavra da verdade.... retribuindo o ódio com amor, lutando com Deus contra a inimizade, com orações e lágrimas noite e dia, com jejum, choro e lamentação, em paciência, em fidelidade, em verdade, em amor não fingido, em longanimidade, e em todos os frutos do espírito, de modo que, por todos os meios possamos vencer o mal com o bem...

Willard Sperry declarou: “A adoração é um aventura deliberada e disciplinada na realidade”. Não é para os tímidos e para os que se dão ao conforto. Ela exige que nos abramos a nós mesmos à perigosa vida do espírito. Ela torna impertinente toda a parafernália religiosa de templos e sacerdotes e ritos e cerimônias. Ela envolve uma disposição de deixar que “Habite ricamente em vós a palavra de Cristo: instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações” (Cl.3.16).

Richard J. Foster – Celebração da Disciplina

CONDUZINDO OUTROS À ADORAÇÃO

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Que o Salmo 100 representa o padrão divino para se entrar na presença de Deus é óbvio, mesmo para o leitor mais casual. No entanto, muito freqüentemente nós começamos o padrão com o 4º verso, e não com os versos 1 e 2. Muito antes de nós entrarmos “nos Seus portões com ações de graças”, nós somos instruídos a “celebrar com júbilo ao Senhor ... apresentar diante Dele com cânticos” (vs.1,2).

Os hebreus não teriam dificuldade em entender isto, pois eles estavam acostumados a cantar na sua jornada à Jerusalém para os dias festivos, e eles até cantavam cerimonialmente os Salmos de Romagem (Salmos 120-134), à medida que eles se aproximavam da Cidade Santa para estas festas. O seu canto revelavam o propósito de sua visita, estimulava a sua fé no Senhor, seu Deus, e unia seus corações e mentes aos dos seus companheiros peregrinos.

Estes salmos de Romagem começam com a necessidade do homem - “na minha angústia clamo ao Senhor... “(Sl.121) - e terminam no Santuário de Deus com os homens adorando a Deus ( Sl.134:2). Da necessidade humana até a presença de Deus é uma longa jornada; talvez seja este o motivo pelo qual eles cantavam 15 canções.

É provável que o conceito de um Culto musicado venha dessa prática judaica, mas este conceito tem sido deturpado em muitos círculos religiosos. Algumas vezes o Culto cantado é pouco mais do que uma chamada à ordem, e em ocasiões ele é usado para ele preencher o tempo, enquanto os atrasados acham seus assentos.

De acordo com as Escrituras o canto representa uma expressão de adoração que pode nos transportar acima das pressões da vida até a presença de Deus. Mas isto não é automático, pois enquanto os cânticos podem unir nossos corações numa comunhão de fé e numa expressão unida de amor, eles também podem desvirtuar um culto completo e mobilizar os melhores desejos de adoração.

Assim como existe uma grande diferença entre conduzir uma massa de pessoas andando desordenadamente numa rua e liderar uma banda em uma marcha, assim também os cânticos podem tanto envolver as pessoas em uma atividade sem direção, ou conduzi-las a um objetivo específico. O primeiro irá promover uma liberação emocional e algumas respostas vindas da alma, mas o segundo pode conduzir as pessoas à presença de Deus e a uma experiência de adoração.

Qualquer pessoa pode liderar cânticos, mas é preciso alguém especial para ser capaz de conduzir pessoas enquanto elas cantam. Esta pessoa precisa ser, ela mesma, um adorador, se ele deseja conduzir outros à adoração, e ele precisa saber onde ele está, para onde está indo, e quando chega lá.

Liderar pessoas sempre requer que se comece do ponto onde as pessoas estão. O líder de cânticos deve determinar a posição espiritual das pessoas no momento ou ele irá perdê-las totalmente, pois poucos irão correr para alcançar a marcha que já se iniciou. Na maioria dos cultos de igrejas, localizar o nível das pessoas será geralmente fácil, pois as pessoas chegam à igreja saindo das atividades normais da vida e têm uma consciência mínima de Deus. Suas mentes estão preocupadas com pessoas, lugares, coisas e necessidades pessoais. Eles estão muito conscientes de si mesmo.

O líder de cânticos pode muito bem começar com um cântico ou coro de experiência ou testemunho pessoal - um dos muitos testemunhos musicais do tipo: “Eu sou”, ou “Eu tenho”. Isto vai de encontro às pessoas no lugar onde elas estão e oferece a elas algo com que se identificar no inicio do culto.

Na tipologia do Tabernáculo na época da peregrinação, ao qual o Salmo 150 se refere, este seria o acampamento imediatamente fora do portão que cercava o Tabernáculo. Este acampamento era a casa dos sacerdotes, os quais, embora acampados perto do Tabernáculo não poderia adorar até que eles entrassem dentro do próprio Tabernáculo. Da mesma forma nós não podemos. Se o líder dos cânticos tiver em mente que cânticos que falam da condição ou experiência pessoais são canções para serem cantadas quando as pessoas estão de fora do limite do Tabernáculo, ele pode fazer um ótimo uso deles para gentilmente ter a atenção da congregação. Já que o propósito declarado nas Escrituras de um ajuntamento de pessoas é adoração, o objetivo de cada culto cantado ou musicado deve ser de trazer as pessoas à uma experiência de adoração. Isto poderia ocorrer no Santo Lugar, onde a iluminação do Espírito Santo (candelabro) torna a comunhão com Deus (Mesa do Proposição) e a adoração a Deus (Altar do Incenso) possíveis, agradáveis e lucrativas. Nós queremos trazer os cantores ao lugar sagrado onde eles são conscientes disto; mas assim, como é preciso mais de um passo para se chegar do Átrio para dentro do Lugar Sagrado, cânticos de experiência não devem ser imediatamente seguidos por canções sobre a grandeza de Deus.

“Entrai nos seus portões com ações de graças...”(Sl.100.4), assim instrui o salmista. Não deixa as pessoas no acampamento dos sacerdotes todo o tempo; tome passos progressivos e suaves para movê-los para mais perto da presença de Deus. Este salmo lista 3 ou 4 destes passos, e ações de graças é o primeiro. Deixe a congregação usufruir de canções de testemunho até que eles estejam suficiente unidos para começar a se mover para mais perto de Deus. Use estas canções para conduzir as pessoas através dos portais que vão separá-los do profano até o sagrado, então introduza cânticos e coros de ações de graça.

É uma questão de conduzi-los de uma consciência daquilo que foi feito neles e por eles (testemunho) para aquele que fez estas coisas neles e por eles (ações de graça). A procissão através do portão leste até os átrios externos do Tabernáculo deve ser uma marcha alegre, pois agradecimento nunca deve ser expressado como um lamento. Enquanto as pessoas estão cantando coros de ações de graça eles estarão pensando, tanto em si mesmo, como no seu Deus, mas por colocar a ênfase no dar graças, a maioria do seu pensamento deve estar no seu Deus. Cantar neste nível irá freqüentemente invocar um nível inicial de louvor, mas não irá produzir adoração, pois os cantores não estão ainda perto o bastante da presença de Deus para expressar uma resposta de adoração.

O passo número dois é “entrai ...nos seus átrios com louvor”(Sl.100.4). Uma vez que o coração foi elevado em ações de graças, é natural que ele tome passos progressivos para louvor. Agradecer a Deus por aquilo que Ele tem feito evoca louvor por aquilo que Ele é, portanto, passe dos cânticos de ações de graça por favores passados, para louvores por Sua misericórdia presente. O Átrio externo é um lugar bastante amplo, portanto pode ser necessário mais tempo cantando coros e canções de louvor para transportar as pessoas para o local santo, do que o tempo requerido para fazê-los passar através dos portões com música de ações de graça.

Progredindo de um passo para outro pode requerer umas poucas palavras de transição, mas o líder, cujo objetivo é trazer as pessoas à adoração de Deus irá pesar suas palavras cuidadosamente. Muitos cultos de louvor tem sido destruídos por líderes ansiosos, que falam interminavelmente, já que um longo “comercial” quebra o fluir do pensamento dos cantores. Um líder bem preparado pode dizer o que precisa ser dito, num parágrafo ou menos.

Quanto mais perto nós chegamos da presença de Deus, nos Santos dos Santos, muito mais as canções estarão voltadas para o próprio Deus. “ Rendei-Lhe graças e bendizei-Lhe o nome”, diz o Salmista (Sl.100.4). Enquanto nós começamos a cantar sobre nós mesmos, enquanto estamos fora dos muros, nós cantaremos sobre Deus no Lugar Santo, pois nada neste lugar fala dos homens; tudo neste lugar é uma revelação de Deus. É aqui que alguns dos hinos majestosos dão expressão de conceitos mais elevados de Deus, do que o fazem alguns dos mais simples cânticos, mas se esta é uma congregação orientada para cânticos, deixe que os cânticos sejam aqueles que dirijam toda a atenção para Deus Pai, Jesus Cristo ou o Espírito Santo.

Se o líder for bem sucedido em trazer as pessoas passo a passo, do Átrio exterior, e através deste para o Santo Lugar, então haverá uma elevação da resposta espiritual das pessoas. Ao invés de respostas meramente emocionais ou da alma, haverá respostas do espírito humano que terão profundidade e devoção nelas. O bater de palmas emocional será provavelmente substituído por respostas devocionais consistindo de faces direcionadas para cima, mãos levantadas, lágrimas, e mesmo uma mudança sutil no timbre das vozes. Quando existe uma consciência de que nós chegamos na presença de Deus, nós saímos da leveza e nos tornamos mais sóbrios. É neste ponto que muitos líderes cometem um sério erro em arremeçar as pessoas de volta ao Átrio exterior através de um cântico emocional de ações de graça. Adoração toma tempo; não apresse as pessoas. Deixe que elas cantem; deixe que elas repitam qualquer cântico ou verso de um hino que pareça dar uma expressão honesta do que eles estão sentindo e fazendo naquele momento. A mente pode pular de um conceito para um outro muito mais rápido que o espírito pode. Permita ao espírito humano saborear o sentido da presença de Deus. Uma mudança de cântico pode destruir toma atitude de adoração.

Adore apenas. Perspicácia é inapropriada. Falar é desnecessário. Direções para como reações são supérfluas. Deixe o povo adorar. O silêncio pode ser ameaçador para o líder, mas é ouro para o adorador. Um acorde suave sustentado no órgão e um cântico do Espírito Santo nos lábios do líder deve ser mais do que suficiente para levar a uma resposta de adoração por parte da congregação inteira por um longo período de tempo.

“Mas isto não é cantar”, você pode dizer.

É claro que não. Este é o propósito de se cantar. Os santos estão adorando; esta é a razão pela qual nós lideramos o cantar. Não deixe que este instrumento que é cantar limite a resposta de adoração. Tudo o que nós fizemos tem sido para isto (levar para a adoração), portanto, pare de fazer, e deixe que a adoração flua pela congregação. Quando a maioria parecer ter terminado a sua adoração, toda a congregação pode ou ser convidada a se sentar em “Sua presença” ou você pode escolher um outro cântico para conduzi-los de volta ao Átrio exterior para a pregação da Palavra de Deus, ou qualquer outro ministério que tenha sido preparado.

Cantar não deve ser considerado um fim em si mesmo. Cantar deve ser a liberação do Espírito Santo para Deus numa expressão de adoração. No entanto as pessoas têm que ser conduzidas do natural ao espiritual, e de uma expressão de suas necessidades pessoas a uma expressão de espírito-adoração. Esta é a tarefa do líder de cântico. Se ele foi bem sucedido ele será um líder de adoradores, mais do que um líder de cânticos.

Cantar, é claro não deve ser considerado um fim em si mesmo, pois nosso propósito é nos ajuntarmos é adorar ao Senhor na beleza de Sua Santidade. Adoração é o objetivo final; todas as outras atividades, cerimônias, ou ordenanças servem meramente como meios para este fim. Mas, enquanto adoração é o fim para todos os nossos meios, a adoração em si mesma é um meio para a transformação de vidas individuais, pois um adorador não pode evitar ser transformado no ato de adorar.

Judson Cornwall